Um Natal (mais) normal

Um Natal (mais) normal

Com a aproximação desta época festiva, todo a atenção se  vira para a família.

– ‘Que maravilha!’ dizem uns. – ‘Que horror! dizem outros.

A verdade é que a forma como cada família celebra o Natal em Portugal e no mundo é diferente. Mas o constante é o foco em tentar estar com quem nos é mais próximo e querido. Contudo, estar com os nossos, por muito que gostamos deles, nem sempre é fácil. Nestes momentos, em que idealizamos uma festa familiar, com tudo e todos que gostamos, é quando normalmente as frustrações e chatices da ‘realidade’ da nossa família aparecem. Nada parece decorrer como aquelas pessoas felizes que vimos nos anúncios do azeite Galo e nos filmes de sábado à tarde! E é com frustração e por vezes mágoa que tantas vezes perguntamo-nos, ‘Porquê é que a minha família não é normal? Porquê é que não conseguimos ter um Natal normal como as outras pessoas?’.

Na realidade todas as famílias são normais. Ou então, nenhuma o é. Todas têm, na sua constelação única e em constante mutação, uma dinâmica singular e própria. Composta por pessoas que possuem laços de sangue ou não, as famílias são uma construção que constantemente nos relembra do como é difícil nos relacionar uns com os outros. O amor, que é verdadeiro e inegável, muitas vezes não chega. E é precisamente nesta época, o Natal, quando todas as nossas fragilidades no que toca às nossas relações familiares, normalmente enterradas durante o resto do ano, acabam por vir à tona.

E então, como já concluímos que uma família normal não existe, como podemos ter um Natal um bocadinho mais ‘normal’? Ou então menos ‘anormal’. Vai aqui algumas dicas:

Cuidado com as expectativas. As pessoas do azeite Galo são atores. Os dos filmes leem guiões com as falas já todas estudadas. A perfeição não existe na natureza e não irá existir no seu Natal. Muitos dos conflitos que surgem nesta altura do ano não têm tanto a ver com o que acontece, mas sim o que eu queria que acontecesse. O tamanho da nossa frustração é proporcional à distância entre as nossas expectativas e a realidade. Tente ser realista e direta. Permita que as pessoas sejam como são. Se precisar de ajuda, peça-a. Sonhar é lindo, mas tentar impor os nossos sonhos aos outros normalmente é terreno fértil para a desilusão.

Desculpa. Obrigado. Se faz favor. Parece infantil, mas a verdade é que estas três pequenas frases podem ajudar a transformar o seu Natal e as suas relações. Ensinamos habitualmente às crianças a utilizar estas palavras de boa educação. Mas tantas vezes, somos nós ‘crescidos’ que esquecemos de as usar no nosso mundo adulto. Quantas vezes é que pedimos desculpa a um estranho por uma pisadela não intencional mas nada dizemos a uma pessoa amada quando façamos algo que a magoou? Ou então esquecemos de agradecer o trabalho de alguém próximo? Ou lembrar que os actos dos outros, embora feitos quase de obrigação, são na realidade um acto de amor? ‘Foi sem querer!’ ‘Não faz senão a sua obrigação!’ – estas são as falas típicas numa família. Lembramos que falar genuinamente com delicadeza e gentileza muitas vezes é o pouco necessário para mostrar o quanto que o outro nos é querido.

Sê grato. Há muitos anos li uma história acerca de um grupo de pessoas que faziam o seu jantar do curso sempre por volta do Natal. Um ano, Deus liga para o restaurante do costume e pede para informar o grupo que, para um dos elementos, este seria o seu último jantar com os amigos do curso, mas não diz quem iria conhecê-lo no próximo ano. Como seria de prever, o jantar tem logo uma energia diferente. Depois do choque inicial, desaparecem os conflitos mesquinhos, as preocupações com os bens materiais ou as queixas com as coisas da vida mundana. Tudo isto é substituído com a amizade, o amor, a gratidão… Não querendo com esta história fazer qualquer profecia da desgraça, focamos mais na moral da história, que é: quando olhamos às coisas que são realmente importante, vimo-as. Podemos sempre escolher onde focamos a nossa atenção. A gratidão é uma escolha. Escolha bem. Veja o quão importante os seus realmente são para si. Não ignorando as limitações, tente focar nas qualidades de todos. Até nos seus!

Esperamos que estas pequenas dicas façam o seu Natal o melhor possível. Aproveite-o bem. Faça o seu próprio anúncio! E não se esqueça que o Natal é quando quisermos. Incorpore estas formas de estar em todas as suas relações o ano inteiro.

De toda a equipa da Psitorres, desejamos a todas as famílias, grandes ou pequenas, mais normais ou menos, um feliz Natal e 2018 cheio de saúde e prosperidade!